sábado, 22 de dezembro de 2007

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O Caminho da Vida




O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

(O Último discurso, do filme O Grande Ditador - Charles Chaplin)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

E no meio de tudo, você


Selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é demais
Quando chega em casa do trabalho quase vivo

Selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é o máximo
Liberdade pra escolher a cor da embalagem

Nessa selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é normal
Entrar na fila comprar ingresso pra levar porrada

No meio de tudo, você!
Me salva na selva me salva na selva!

Selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é demais
Um pouco de silêncio e um copo de água pura

Nessa Selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é o máximo
Se o cara mente mas tem cara de honesto

Nessa selva
A gente se acostuma a muito pouco
A gente fica achando que é o normal
Finge que não vê,diz que não foi nada e leva mais porrada...

Letra: Humberto Gessinger
Imagens: Banksy


segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

***** All Star *****
















Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as Índias
Mas a terra avisto em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário
Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje


Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu
Seu all star azul combina com meu preto de cano alto
Se o homem já pisou na lua
Como ainda não tenho seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas pra tua voz
Parece exato
Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali...

(Nando Reis)

''Sun dreams''


''Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão.

No fundo, isto não tem muita importância.

O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado...''

Willian Shakespeare

sábado, 15 de dezembro de 2007

Aí é O LUGAR!











A melhor coisa é poder viajar
E se livrar do stress de ''Campina''
Ficar numa casa ali bem perto do mar
Chegar e ver que as ondas estão rolando

Eta vontade de querer viver
Um final de tarde depois um role
Só esperando a brisa chegar
Junto com as estrelas e aquele luar

A galera, a viola, a praia e a fogueira
Tirando uma onda a noite inteira
Só esperando o astro rei raiar
Iluminando as vidas daquele lugar.

(Aquele Lugar - Planta e Raiz)



sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Ai se sêsse...


Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Da vês que nois dois ficasse
Da vês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse


(Zé da Luz)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

...


"[...] uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida"


(LISPECTOR, Clarice. "Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres")



sábado, 8 de dezembro de 2007

Faço o que faço, sou o que sou



Às vezes eu fico me perguntando...se eu não fosse eu, será que eu me acharia legal?? Será que eu seria minha amiga??
Aí começo a me auto-analisar...
O que de bom existe em mim, o que de ruim também;
Se eu sou bastante legal, ou apenas legal o bastante;
Se o que eu quero pra mim realmente é o que vai me fazer feliz, ou simplesmente vai satisfazer um desejo;
Se as pessoas que dizem que me amam, realmente me amam;
Se eu suportaria muito tempo longe dessas pessoas que dizem que me amam;
Como eu iria reagir em determinadas situações nas quais não consigo me imaginar;
Enfim...essas e outras indagações chegam em meus pensamentos toda hora, me fazendo refletir muito sobre o meu propósito aqui na vida, e na maioria das vezes ficam sem resposta ou criam uma dúvida maior!
Aí eu prefiro ficar pensando apenas nas coisas boas...
Prefiro pensar que sou uma pessoa boa (embora já tenha feito coisas que não me deixam feliz ao lembrar); que sou legal (mesmo, às vezes sendo chata que dói); que o que eu já tenho me faz feliz, mas o que eu quero iria me deixar AINDA MAIS feliz; que existem pessoas que me amam (tenho provas disso diariamente); que mesmo indo ficar longe por uns tempos, certamente sentirei dores físicas de saudade; que, mesmo não podendo prever o futuro (pois nunca se sabe o que pode acontecer), têm situações nas quais seriam simplesmente impensável e inimaginável eu participando delas, verdade!
Ah... sou chorona, chorona de verdade!! Choro com uma música, um filme, uma poesia, um e-mail daqueles bem melosos, de raiva, de saudade, de felicidade, de tristeza, de dor...
Quando eu era criança, segundo meu pai, eu tinha o ''poder da destruição'' por que tudo que eu pegava eu quebrava, KkKkkkKkkkKkKk... =)
Já ia sendo atropelada umas 362736789 milhões de vezes
Tinha um tio do meu primo que me chamava de ''pinga-fogo'' (será que era boazinha a criança??uahuhauhauh)
Minhas cicatrizes não escondem meu passado de criança obediente e comportada, ihihihihihih...
Ia pra praia, e passava o dia TODOOOO no mar, depois não conseguia nem dormir (toda ardida!!=/ )
Guardo até hoje cartas, bilhetes, papéis de bombons, ingressos, abadás, flor murcha, um monte de coisas de bons momentos
Tenho um monte de colegas legais
E tenho uma meia dúzia de AMIGOS DE VERDADE, daqueles pra todas as horas...

''Uma mulher madura que ainda brinca de balanço... Uma criança insegura que anda de salto alto...''

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Até quando???


A cultura e o folclore são meus
Mas os livros foi você quem escreveu
Quem garante que palmares se entregou
Quem garante que Zumbi você matou
Perseguidos sem direitos nem escolas
Como podiam registrar as suas glórias
Nossa memória foi contada por vocês
E é julgada verdadeira como a própria lei
Por isso temos registrados em toda história
Uma mísera parte de nossas vitórias
É por isso que não temos sopa na colher
E sim anjinhos pra dizer que o lado mal é o candomblé
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não
A influência dos homens bons deixou a todos ver
Que omissão total ou não
Deixa os seus valores longe de você
Então despreza a flor zulu
Sonha em ser pop na zona sul
Por favor não entenda assim
Procure o seu valor ou será o seu fim
Por isso corre pelo mundo sem jamais se encontrar
Procura as vias do passado no espelho mas não vê
E apesar de ter criado o toque do agogô
Fica de fora dos cordões do carnaval de salvador...

Palmares 1999 (Natiruts)





domingo, 2 de dezembro de 2007

A última crônica


"A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso." (Fernando Sabino)