domingo, 30 de março de 2008

Acrilic on Canvas


É saudade, então
E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra

E era sempre, Não foi por mal
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são

Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do seu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com lágrimas que não brincaram com você
Destilei óleo de linhaça
Da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz, então, pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do baton que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte

E era sempre, Não foi por mal
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez

E era sempre, sempre o mesmo novamente
A mesma traição

Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito, ela não mora mais aqui"
Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"
(Legião Urbana)

segunda-feira, 24 de março de 2008

Filosofando

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É só encarar a vida sem expectativa. Porque assim, é bem capaz de sofrer menos.
Pelo menos nada foi esperado!
Bom é encará-la com perspectiva: ver no horizonte uma linha imaginária que não some
ao nos aproximarmos, mas ser esta linha uma lugar quase que utópico, onde as diferenças estejam
sendo superadas com boas doses de risadas ao redor de uma fogueira, ao som de um violão que pode
estar tocando um samba ou uma bossa, com gosto de vodka ou de vinho, e até São Jorge lá da lua vai
mandar um sinal indicando que a vista lá de cima tá colorida como uma aquarela...
Pronto....será que já estou novamente criando expectativas?

(Cynthia Menezes)

domingo, 23 de março de 2008

Que HORROR!!!!


Num vestibular da UFMG, esses foram os ABSURDOS escritos pelos alunos na prova de redação
que teve como tema :‘‘A TV forma, informa ou deforma?’’
É de dar medo!!

"A TV no entanto é um consumo que devemos consumir para nossa formação, informação e deformação". (Fantástica!)
"A TV se estiver ligada pode formar uma série de imagens, já desligada não..." (Ah bom, uma frase sobrenatural ) .
"A TV deforma não só os sofás por motivo da pessoa ficar bastante tempo intertida como também as vista" (Sem comentários ).
"A televisão passa para as pessoas que a vida é um conto de fábulas e com isso fabrica muitas cabeças"
(Como é que pode ?).

"Sempre ou quase sempre a TV está mais perto denosco (?), fazendo com que o telespectador solte o seu lado obscuro"
( esta é imbatível).
"A TV deforma a coluna, os músculos e o organismo em geral" (É praticamente uma tortura !).
"A TV é o oxigênio que forma nossas idéias" (Sem ela este indivíduo não pode viver).
"..por isso é que podemos dizer que esse meio de transporte é capaz de informar e deformar os homens" (Nunca tentei dirigir uma TV ).
"A TV acomoda aos tele inspectadores"
(Socorro!!!).

"A televisão pode ser definida como uma faca de trezgumes. Ela tanto pode formar, como informar, como deformar"
(Puta que pariu, onde essa criatura arrumou esta faca???).

quarta-feira, 19 de março de 2008

Dom Quixote


Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
peixe fora d'água, borboletas no aquário
Muito prazer, meu nome é otário
na ponta dos cascos e fora do páreo
puro sangue, puxando carroça

Um prazer cada vez mais raro
aerodinâmica num tanque de guerra,
vaidades que a terra um dia há de comer.
Ás de espadas fora do baralho
grandes negócios, pequeno empresário.

Muito prazer me chamam de otário
por amor às causas perdidas.

Tudo bem...até pode ser
que os dragões sejam moinhos de vento

Tudo bem...seja o que for
seja por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas

(Humberto Gessinger e Paulo Galvão)

terça-feira, 18 de março de 2008

Dois ou três almoços, uns silêncios.

Há alguns anos. Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania.
Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

* Caio Fernando Abreu

PS:. Ele é o MÁXIMO!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Pasmem...

Strawberry Fields Forever

Deixe-me te botar pra baixo
Porque eu estou indo aos Campos de morangos
Nada é real

Não há por que esperar

Campos de morangos para sempre
Viver é fácil com os olhos fechados
Sem entender o tudo que você vê

Está ficando difícil ser alguém

Mas tudo parece funcionar bem

E isso não é muito importante pra mim
Acho que não tem ninguém na minha árvore
Quer dizer, deve estar alto ou baixo

Ou seja, você sabe que não pode entoar

Mas tá tudo certo

Assim, penso que não é tão ruim

Sempre, não, algumas vezes penso que sou eu

Mas sabe, eu sei quando é um sonho
Eu penso que um Não significara um Sim
Mas tá tudo errado

Por isso eu acho que discordo



(The Beatles)

quarta-feira, 12 de março de 2008

Som de Bob


Ai ai ai, a minha alma foi passear
Quando eu fechei os olhos ouvindo o som de Bob tocar

Nessa tarde de calor
Só quero cantar e dançar
Ouvindo esse som que vem dos elementos da natureza
Verde, amarelo e vermelho representando a unificação
Dos povos africanos, fazendo uma só nação

Na batida desse som
Que vem para nos falar
Na batida desse som
Que vem para nos falar
Do amor, da emoção, da liberdade
E de paz para todos os irmão